NUVENS

Os meus amores por mim pretendidos,

são como as nuvens...

São chuvas de verão,

que caem, desabam, molham, e refrescam,

mas assim como com o vento vem,

assim cômodo com o vento se vão.

Dispersam, dissipam. Se alegram...

Se desintegram no ar, formatam de todas as formas figuras de ilusão.

E assim, por mais que eu queira e tente encontrar,

como as nuvens que se movem, inconstantes,

não sinto o gosto de amar.

O vento sopra, o sol penetra, os raios cortam,

e as nuvens se mechem freneticamente na busca do exato momento de se transformarem ...

... em nuvens novas, de novo formato,

novo contexto, novo desenho na mente de quem sonha o sonho das nuvens.

E os meus amores são sempre assim,

são sonhos de algodão.

Doces, que entrelaço ao aponte do meu dedo, como e me lambuzo.

Me esgarço ao sabor dos meus amores,

mesmo que as vezes eu não queira,

mas assim represento a eficiência de um ficar e de um querer que queira ou não, dá inveja ao um grupo de renomado atores.

E assim são as nuvens e os meus amores....

Formatam-se bichos, em brilhos,

casas e coisas, pessoas no vazio.

Desenhos de rostos, e de distintas cores (sempre brancas),

e assim volto a me ver,

a querer e a me dar novamente na busca dos meus amores...

E das nuvens caem gostas do céu,

lavam-se as ruas, lava-se a alma, rega-se a plantação.

E assim são meus amores:

... mulheres que encontro ao tempo da vida e que somente o tempo de vida me dirá se fiquei com muita, pouca ou nada de afeição...

Já os amores vividos são os reflexos das nuvens...

sombra que refrescam o calor do verão.

que ficam comigo ao tempo de um longo ou curto espaço de tempo,

mas que sempre me dão um toque de emoção.

São amores em vida.

Amores de briga e de gelo, de neve,

de toque gostoso à textura da pele.

São energia, pura, boa, coisa gostosa...

... magnetos intensos, fortes,

e carregados como o céu cinzento, negro,

mas que também passam e também vão embora...

... assim como as nuvens.

E que nessa ida, com o passar do tempo somam-se gotas,

amontoa-se em matéria ficando as nuvens demasiadamente carregadas, pesadas...

e depois se explodem em tempestade, chuvas de lágrimas,

destruidoras, avassaladoras, raio, trovão,

mas que também na essência

não deixam de ser um pouco de conforto da minha ilusão.

E assim são os meus amores:

tal como as nuvens, pretendidos ou vividos,

no fim sempre me enganam,

por certo ao meu querer me fantasiam.

Nos seus vários formatos que aos meus olhos mentalizam,

e pela imaginação criam, as nuvens,

por um acaso ou destino, sempre me iludem...