Flor da Morte

Flor da Morte

Que universos competem a tua beleza,

Oh, bela liz que há nos fundos do quintal...

No meio de tantas plantas vis, asquerosas

Quero arrancar-te

Cortar-te

Plantar-te na memória mais linda,

Ma montanha mais alta:

Onde apenas eu

Santo Deus deste vale

Poderei amar-te à tristeza;

Nos invernos mais sangrentos -

Sobre os tempos; poderei oferecer-te:

Quadro irreal deste quarto

À mortal mais bela que anseio;

Que depois de ver-te, ao morrer -

Diante de tão grande formosura,

Ainda tereis tu;

Brilhante semblante sobre o peito,

Sobre a lápide e a tristeza

Que hão de sorrir diante a tua tela!

Quero-te por

Sonho fremindo a eternidade,

Gravura cravada: Sol de um universo

Onde todos os planetas,

E a ininterrupta estação desta mente

Irão girar diante do teu eixo:

A vida

Esvaindo

Diante à tua beleza!

(Tão linda será esta vida esvaída!)

E aqueles que acharem que sou vil,

Ao ver-te,

Descobrirão também um sentido

E tornarão-te deusa, artífice

Tão idolatrada santidade

Do oco vil de suas almas!

Sonho arrancada aos olhos

Plantada aonde eu possa tê-la

Oh, Primavera que esvai

Oculta,

Sob os olhos descoberta;

Tão feliz sou hoje destes versos;

Arqueólogo

Desta vida que te canta

Que poderia conceber-te minha vida

Quero-te agora destruir,

Fecundar-te,

Conceber-me tua morte,

O fim destes versos:

Este sonho

Que somente a mim

Deus, digno

Me é permitido entrar

E escutar teu canto

Fremida

Primavera:

Ruindo

Este inverno

Esta alma sôfrega

Vil, asquerosa

E tu

Entre tudo isso

Me fazendo o mais feliz dos homens!

Que a primavera

Chegue cedo com a tua alma

E Caronte,

Estonteado à tua volúpia

Traga tu e tuas irmãs

Em sonho vívido - à esta terra,

À este intermédio: Derramadas:

Entre urtigas e matinhos,

E uns outros mundos que te anseio.

- Berserker Heart