Florbela Espanca

Embarquei esta noite nas naves da aventura

É já mar alto E só se vê o céu

Presa da caneta inerte e viva Eu dou

a volta ao mundo E o mundo é meu

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Embarquei esta noite nas naves sem regresso

Eis-me ao espaço aberto E já perdi o Sol

Presa dos silêncios dos teus olhos Arremesso-me

às grades Estátua de gesso húmida e mole

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Embarquei esta noite nas naves dos sem deus

Amanhã não virá Se não chamar por ti

em êxtases exangues Máscara e álibi

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Presa dos teus sonhos Aonde estão os meus?

Nave dos sonhos Dos loucos Das luzes da agonia

Faça-se em mim Segundo a Poesia

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Texto de 1982;

Publicado em:

"Anuário de Poesia" - "Autores Não publicados"; ed Assírio e Alvim, 1987 – pág 96

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 08/08/2015
Código do texto: T5339664
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