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Filha ingrata

Menina tola, luxenta
Sugas, sugas
As tetas velhas e murchas,
Sugando seu tempo, num ontem que não alimenta

Filha ingrata,
Gata mourisca, arranhas e escondes a mão,
Tens a graxa sobre o casco,
Teu movimento é lento, t
eu cheiro é asco...

Ah, menina ingrata!
Atrevida menina...
Não tens juízo nessa cabeça
E tens sujeira na barriga!!!
Ah, vou te por de castigo,
Ergue os braços,
Ajoelha no milho!

Filha ingrata,
Vou matar aranhas e lesmas
Na lentidão de tuas mãos,
Te cerrarei os ouvidos
A todo canto e todo hino,
E aí de ti se cantares, 
Ou ousares dançar... 
Acorda menina,
É proibido sonhar!

Teu destino já está traçado,
Pelo caminho esolhido
Apressarei os teus passos...
Apagarei as luzes de tua festa 
Não terás bolo, que dirá abraços...
Arrancarei a vaidade de teus sonhos,
Afastarei os pretendentes de tua janela e,
Proibirei de te amarem... 

Segues a vida menina birrenta, pirralha...
Para que te serve à infância agarrar-te?

Menina ingrata,
Seguiste a cartilha, leste o be-a-bá,
E não aprendeste a lição, quiçá
Se havia amor ou indiferença no olhar...
Menina ingrata,
Por que insististe
E, te puseste a vida toda
O amor procurar?

Filha ingrata,
Foste má, não soubeste conquistar o teu lugar,
Hoje choras um passado que já não há.
Chega manteiga derretida, para de lastimar...

Filha ingrata,
O tempo não voltará jamais,
E para que voltar?!
Teus ritos não importam mais,
Não irei aplaudir teus feitos
Importam-me teus malfeitos,
Teus defeitos, mais-que-perfeitos!

Ah, chega! Basta!
Filha ingrata,
Mal agradecida...
Te exibi como troféu,
Teci teus vestidos de renda,
Tratei tuas dores de garganta,
Cuidei de tuas madeixas,
Fiz cachos, fiz tranças e,
Ainda assim, preterida te queixas
Te escondendo sob véus?! 


Menina ingrata!
Lembranças são lembranças,
Nada mais...
Para que te servem amuletos
Vestido de boneca, colar de cacos, vara de guia, lágrimas de crocodilo, meias escuras...
Acaso és burro de carga a carregares instrumentos de tortura?!

Dá ao passado um brinde de revide,
Escreve de vez teu próprio script!
Abraça-te, ama-te
Deixa cicatrizar as feridas,
Sublima as dores,
Olha as marcas com doçura e,
Deixa a vida envolver-te com ternura!


 
 
Gelci Agne
Enviado por Gelci Agne em 11/08/2015
Reeditado em 14/08/2015
Código do texto: T5343220
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