LEVE-ME CONTIGO
Logo eu que, desde que a vi, a amei,
E, sobretudo, ainda amo,
Não sei por quanto tempo ainda a amarei.
Tu que iluminaste o meu caminho,
Abrilhanta-me, sem perceber, o destino;
Sobra-me seguir teus passos e noite
Escura aguardar.
Passas por mim e agarro-te o vestido,
Pois quero ir contigo, deixa-me ir contigo,
Sozinho, aqui, não quero ficar.
Quero ir para onde fores, encarar, junto a ti,
Os teus temores, e, quando o medo vier,
Lembrar-me que o medo é teu.
Ver frente a frente o que te faz mundana,
Olhar, na cara, o que te reclama a natureza humana,
E, assim, não mais endeusar-te.
Quero, uma vez que seja, que fujas comigo,
E quando tiver os músculos exauridos,
Que entorne, boca a dentro, o fel dos enfraquecidos.
E que a dor te faça cuspir,
o que a empáfia fez pressumir,
Esquecendo-me dos lábios teus,
O beijo que nunca auferi.
Sentir que este enfermo te apeteça, e que as
Lições ensinadas fiquem no coração e na cabeça,
E esperar que o amor aos poucos convalesça.