FAZENDO AMOR
Não sei se te amo,
mas aqui estamos
fazendo amor.
Ansiosos tentamos
deixar que o amor
nos faça um.
Abrimos os olhos,
os braços,
as pernas.
Expomos os pêlos,
os cheiros,
o íntimo.
Tentamos ser um só:
máquina, carne, vento
e tempo.
Um do outro,
o outro de um.
Nada falamos
e, em silêncio,
confesso que é bom
ou não é ruim
a ponto de eu querer fugir.
Talvez seja cedo demais
ou haja medo demais
em se dar tanto assim.
Fazemos amor
como quem quer
ser feito,
sem ser perfeito,
alguém melhor,
maior que a morte
da carne
e do espírito.
Faço amor contigo
e disfarço o meu temor
de ser inimigo de teu futuro,
de ser tua prisão.
Mas, na prisão de tua pele,
sinto o calor nunca antes sentido
e começo a entender
porque não hesito
em me afogar
em ti.