Comme Fleur

...ah, se todas as coisas mudassem,

Cuidaria apenas de observar cada momento,

E a minha carícia transformar-se-ia

Transparente e calada num voo pelo tempo,

Como necessita a alma de regar seu jardim,

Renascido em toda saudade e sentimento,

Entorpecida com calma e serenidade,

Molhada pelo raio fino da luz

enaltecida pela claridade do sol,

Com o fogo amado

que brota em todas as manhãs,

Onde uma fada triste chamada destino,

Pôs um encantamento.

Criando vida onde não existia vida,

Dando-lhe um coração,

Enchendo de rosas suas poesias

Que inspirariam belíssimas canções.

Compondo versos frágeis e sensíveis

Como a alma dessa mulher,

E, ao mesmo tempo fortes como sua vontade

Para suportar as desilusões,

Que pairam entre as sombras remexidas

Pelo arfar constante das borboletas

E a sua alegre teimosia de voar

Rebelando-se nas asas, agora, obsoletas,

Abrindo sua estimada porta para as paixões;

Onde nem mesmo a carência se expõe

No brilho dos olhos regrados da liberdade,

Pássaros azuis de asas cortadas

Olham para o céu, esperançosos,

Na agonia de que,

Por ousarem “ser” a esperança,

Sejam no futuro apenas suas asas

E voem rompendo a tristeza desse jardim,

Criando forma e partindo do peito dessa mulher,

Como uma flor que desabrocha,

Sabendo o quanto deve viver....

No doce carinho refeito pelas tramas do amor,

Matando meu pobre coração,

Que habita como flor.