Nosso calendário
Revirando o memorial que ainda resta
Após o incêndio ocorrido em fim de abril
Encontrei ligando os pontos um só fio
Que amarrava cada foto em cada aresta.
Confesso: não vi agulha nem costura,
Tampouco o autor da união das peças
Ou como coisas outrora tão dispersas
Se completaram formando seda pura,
Se esses botões castanhos se atraíram
Ou se alguém em oculto os ajuntou.
Há um terceiro, então, que nos formou?
E se não há, como os encaixes se uniram?
Como mundos reconhecidos diferentes
Se fundem num só em tal perfeição?
Por que o tempo não desfez, se ilusão?
Por que outros não supriram, se carentes?
A resposta surge bailando em fresco olor,
E o paladar, prova o doce do amanhã,
Porque, a visão, creem meus olhos, não é vã:
Vejo teu peito esperando, crê ser amor!