Amor em Três Atos

Parecia tarde quando partiram resolutos em busca da tão sonhada felicidade. Pareciam cativos um ao outro nessa busca mensurada, no afã de um desejo que mudaria tudo, de verdade.

Mudariam o mundo todo em prol daquele sentimento que os abraçava calorosamente. Envolvidos pela paixão e ardente desejo, correram pelos campos na vazão imaginária de suas próprias mentes.

Sentiram o vento soprar em seus rostos rubros, enquanto o coração apressadamente batia no compasso do desejo de entregarem-se por inteiro ao amor demasiado, caindo ao chão, totalmente desnudos.

Nada mais importava; o céu claro era a luz que alumiava, as nuvens eram o sobre tom do cenário. Nas asas da arte se criara a imagem mais plenária do amor, a dois passos da eternidade.

Não havia moral, nem artifícios da instrumentalidade mecânica do prazer, nem os medos da inquisição social, nem absurdos que lhes causasse a dor mortal. Estavam dados ao amor total.

Beberam o prazer um do outro, comeram o baquete da paixão e aninharam-se aos delírios, entrelaçados em pernas e braços como escultura em arte de amor.

Rolaram naquele chão, entre flores e no verde da grama que permeava o campo, pintaram com seus corpos o vermelho da paixão que ainda arde e queima por inteiro o coração.

A luta foi travada, em beijos e abraços, o duelo do prazer que avassala, da paixão que em tudo exala. Passaredo, flores e borboletas e a plácida imagem de tudo, parecia expectar aquela cena inusitada.

Como arte cênica em três atos, foi o amor daqueles em três tempos que no tempo se eternizaram para provar a quem de interesse, que tudo muda e passa menos a vontade de amar.