A quem possa interessar...

Cheguei e sozinho,
me ponho a conversar,
a sentir esse momento.

Tiro o terno,
afrouxo a gravata
e sento meio largado,
meio sem forças.

Procuro em volta um abraço,
um ombro, amigo ou não,
mas que chore comigo,
minhas lágrimas
tão fortes, tão inusitadas,
penosas, secas

O luxo que me rodeia,
totalmente sem vida,
sem suspiros, agride.
Quanto espaço sem nada,
estéril, punitivo,
que me cerca soberano.

Momento frio, saudoso,
medroso em seu jeito
de duvida e impotência.

Que é a ausência dos seus sorrisos
quando permitem que os meus,
sejam de agradecimento por
seus olhos vivos, negros,
suas vidas.

Muitas coisas por aqui.
Muitos atrativos estéreis.
Mas existe uma porta,
sem chave, sem caminho de ida
ou volta que se fechou,
em meu destino.

E nesse lugar gelado,
pensarei vocês amanhã,
em mãos estranhas,
fazendo-os ter vida ou não.

E mesmo com tentativas
de sobriedade, confesso,
a quem possa interessar,
que queria estar eu,
nas mãos dos estranhos,
com vocês longe,
sorrindo a me esperar.