Amor, uma palavra errante.
...tu estavas presa na distância,
Numa presença insone,
Da instancia
onde os barcos aportavam,
Próximo as pedras do cais.
E das batidas molhadas
de um coração incerto,
vindo com o vento
açoitar as pequenas ondas,
Nas costas verdes,
feridas do mar,
Que lhe fustigavam mais e mais,
Fazendo-o quebrar
sem sustento,
Como meu coração partido,
Diante do teu riso querido
de espuma,
Resistindo numa pequena reentrância,
Perdido sobre os pedregulhos,
Momentaneamente esquecido
exaurido em meu corpo,
pedinte do seu amor,
Debatendo-se sem orgulho,
Cultivando cegamente um toque
Do gracejar de seus olhos.
Provei-os com meus dedos,
Assim como os aproximei de um abraço,
Pressentindo as chagas das marolas
Que me circundavam.
Não era o mar que me fazia mal,
Compreendi que no canto
de algum lugar triste
Jazia teu cessar,
Sem ter sequer uma gota de sal...
Queria arfar com teu peito,
Mas voar
era uma palavra errante,
Encontrada diante da indecisão,
Aprisionada em teu ser,
por demais complexo.
Onde posso entregar-me apenas
A apreensão de poder voltar,
Antes que o dia termine
e contenha o vento,
Que remói versos na suavidade do verão,
Atento a releitura dessa brisa,
Que sopra no relento de um cais
em minha mente,
Distante dos trocadilhos
Escritos no velho tombadilho
deste coração indolente,
Transformando com uma solução mágica
Tudo que me parece descontente.