Verso Prenhe Sem Razão

Meu amor,

não fiz jus as tuas palavras,

Nem ao meu pensamento,

É tarde para acender o fogo moroso

nos últimos raios de sol,

Diante da noite fria,

sobre as cinzas

do meu coração,

Rente ao sossego sigiloso do rio,

Debaixo da aparição

de um escamado céu azul,

Onde riscas minha palavra intercalada,

Na juventude inerte da areia fina...

E, da minha aparição precoce

na noite sem fim,

Visto o manto de espinhos,

Que me oferece o frio,

Cobrindo minha própria alma desdobrada,

Assombrada entre as estrelas,

Que, a todo momento,

Insistem em parir teu sorriso

numa tela que suma,

Esboçada sem retoques pela solidão,

Como sedentos vaga-lumes interplanetários,

Sem rumo, sem dor,

sem prover coisa nenhuma,

Numa viagem inesgotável pelo ar,

Sem nem mesmo

Cortejar o cheiro do seu amor,

Exalado na lembrança

de uma noite de luar...

Pudera amar-te,

Qual amara essa fonte,

Que derrama a água constante,

Como antes houvera o sol de amanhecer.

No entanto,

Sem que nada tenha feito ouço o fogo da paixão

arder silenciosamente,

Adentrando,

Naturalmente, a tua mão em meu peito.