Velhice
E me diziam que a velhice era boa. Mas ainda dela tenho medo
Não pela morte, certeira na sua certeza
Mas pelo amor, que me parece se perder nos dias
O implacável contar do tempo
Desconhecidos, tão profundos
Mal vou conhece-los além do olhar
Eu passo, ele passa, voa
Só um relance. Como é a notícia hoje em dia
Em um minuto, estou encarcerado
No outro, livre para interagir
São tantas tecnologias, tantas formas de se expressar
Mas me parece que a cada dia se reduzem as formar de se tocar
Com elas, as de amar
Eu não entendo mais nada
Só decifro o que já decifrei
Dou voltas, ando em círculos vivendo vícios
Tão mais fácil aprender o básico
Uma futilidade idealista
Estou sem forças para expressar o que um dia era o meu arauto
Alguém me salve de mim mesmo
Sou um sabotador romântico incurável
E me diziam que a velhice ia ser boa
Se a cada dia morrem as fantasias
Quero continuar no meu circulo vicioso
Não esse, mas aquele, de idealismo
Que deixei na soleira, onde entoei sonata