Preludio de Amor

Sobre a toalha da mesa,

O leite espera se derramar...

Pensando em ser fervido,

Na chama acesa do fogão a lenha,

Esconde-se debaixo da nata

sob copiosa fumaça,

Quando então é servido

no café da manhã,

Onde a xícara de porcelana

de Don’Ana sorve o amanhecer,

Tocada em asa

de pensamento que voa sem querer ,

No momento

em que o sol bate na porta,

Pedindo para entrar

com sua luz amarela

Deixando lá fora, no verde da mata

a fugidia sombra da gata

Lambendo o pelo liso,

Refletida no brilho ariado da panela

Junto ao canto dos pássaros,

E o canto torto de cada quarto,

Numa casa fictícia, vazia,

silenciosa de sua melodia,

Que se transformaria calada,

Na oração de cada dia,

Do pão morto pela faca afiada...

Pat Metheny - Last train home

https://www.youtube.com/watch?v=BpFEoxctPCA