Pa-ci-ên-cia

No aconchego, quietinhos,

Só nós dois sozinhos,

Abraço bem quentinho,

Rosto bem pertinho...

Concentração nos dois

Não existe o depois.

Não existem os dois eus,

Só um Ser completo em Deus!

Atenção ao toque suave e lento,

De dedos que percorrem com ternura,

Respiramos a troca do alento,

Que alimenta e cura:

A saudade, o desejo e o querer!

Vivemos a plenitude de nosso Ser,

Nessa atitude de entrega total,

Onde não existe o conflito dual,

Que nos aflige neste mundo dor.

Persiste a união do bem e mal,

Plasmados no mais puro Amor,

Onde cada ego ele afoga.

Graças a sábia Yoga,

Que é unir, concilar...

Dura tarefa pra mente,

Que tudo quer explicar.

Mas para o mental consciente,

Que apenas vive e já está,

Atua, cumpre o que sente,

E intensamente vive o já.

Afagos, e pequenos gemidos...

Olhar atento e abraço apertado,

Remete-nos a tempo idos,

Em algum lugar do passado!

A comunhão, a sintonia...

A doce familiaridade...

Nos aproxima em harmonia,

Consumindo a saudade.

Viva o Amor inexplicado,

Que rompe qualquer muralha,

Como o pensamento quadrado,

Sobrevivendo até de migalha!

"Basta sofrer em lágrima calado,

E renunciar este sentimento"!

Retruca meu pensar revoltado,

No aflito dual tormento!

Mas a doçura da Essência,

Apoiada na sabia ciência,

Não responde com atraso,

E diz:"não é por acaso,

Esta história linda,

Que o Dharma nos presenteou!

Chega de por na berlinda,

Este Amor que nos pegou"!

"Sigamos a senda perigosa,

Do implacável fio da navalha.

Porque por mais dolorosa,

Que no percurso espalha,

Livres e certos cumprimos,

O que bem quisemos viver!

O curto tempo assumimos.

E nunca deixamos de saber

Do hiato que seria formado

Nesta existência atual.

Que o enlace seria certo,

Mas que teria um final.

Então pra que sofrer adiantado,

O que é de nosso saber?

Vivamos o propósito calado,

Na plenitude de nosso Ser.

Daremos tempo ao tempo, querida,

Com toda paciência do mundo!

Não causemos nenhuma ferida.

Vivamos em Paz cada segundo!

Olhamos para trás e constatamos:

Bons frutos no trajeto

Que intensamente plasmamos.

E lá na frente em secreto,

Um caminho desaparece

No horizonte do destino!

E juntos rogamos em Prece,

Para não ser repentino,

Misericordiosa Mãe Divina,

De nós tenha Sua compaixão,

Pai que sempre nos ilumina,

Alivia-nos nesta separação!