O ancião

O ancião

Em sua meditação questionava ao Senhor:

- Onde está o meu grande amor?

- Por quanto tempo sentirei esta dor?

Quero partir e com ela encontrar.

Ao único filho já não dirigia o olhar

Sentia-se enjoado, nada tinha gosto

Sentia saudade do querido rosto

Sozinho, desanimado, era só desgosto

Cruzava a rua sem se interessar

Com o que a vida estava a lhe ofertar

Só queria dormir e não mais regressar

Triste desejo do pobre e cansado ancião

Seu navio logo, logo, poderia singrar

Oceanos, muito além no eterno mar

Porém muitas páginas ainda restavam

Ao filho único ele precisava ajudar

E no mar profundo da existência

Um dia ele viu o filho também mergulhar

Ficou a beira da praia a esperar

O filho que jamais iria voltar

Olhou para o céu desiludido

Sentia-se totalmente esquecido

De repente um triste gemido

Ao seu lado o fruto que fora proibido

Sem nunca ter sido revelado

Era o ser não esperado, mas concebido

A neta que jamais soube ter existido

O abraçava firme e decidida

Jamais soube da fatal aventura

Do finado filho também rejeitado

Não seria mais uma sepultura

Nem mais um a ser lembrado

Deus enviou-lhe doce criatura

Para lhe mostrar o fim inesperado

Sem reclamar, sem amargura

Por ela foi tratado e amparado

Não ergue mais suas dúvidas ao Senhor

Pois no fim da atual existência

Encontrou rara flor do divino jardim

Que está a espalhar sutil essência.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 07/12/2015
Código do texto: T5472374
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