Música da pele
Te avisei do clichê.
Pois mulher,
tu és poesia,
da mais pura e singela.
Não sei se a tinta negra se encaixa na tua pele branca,
ou se com ela devo decorrer sobre teus cabelos,
teus olhos,
ou dos pontos sob a tua epiderme.
A cor que falta na minha folha
se aglomera como melanina na tua alva pele.
Com minha caneta vou listando os pontos sobre teus lábios.
E como num quarteto de cordas,
teus olhos ditam o ritmo de tua alma,
teus lábios dão a melodia do beijo,
teu nariz eleva e declina as notas,
notas compostas como um detalhe nas sardas pouco escurecidas.
Você havia me dito para escrever o que sinto,
então, sem rimar
componho a música
que teu corpo cantou...
Não queria que o poema terminasse de supetão.
Mas o silêncio
(mesmo no papel)
não deve ser temido,
pois como Quintana já nos disse
"todos os poemas são um mesmo poema"
então...
não é de uma vez que o poema morre.