Menina etérea
Deixe-me definitivamente anular o tempo,
auscultar a luz devolvida por tua face,
e o gesto que atualiza a história, na
comunhão de sinfonia e sentimento.
A dualidade entre céu e chão,
torna-te perceptível na substância
do vento; mímica do silêncio,
singular decreto de encantamento.
Desfiguras o segundo plano,
imantando de simetria o ar,
ritual na essência do instante,
altitude de nenhum lugar.
Tão-só o olho frui o contentamento,
o desejo e o ser: cidadãos do
mundo de dentro, anestesiados
pelo poema: prótese de acontecimento.