Menina etérea

Deixe-me definitivamente anular o tempo,

auscultar a luz devolvida por tua face,

e o gesto que atualiza a história, na

comunhão de sinfonia e sentimento.

A dualidade entre céu e chão,

torna-te perceptível na substância

do vento; mímica do silêncio,

singular decreto de encantamento.

Desfiguras o segundo plano,

imantando de simetria o ar,

ritual na essência do instante,

altitude de nenhum lugar.

Tão-só o olho frui o contentamento,

o desejo e o ser: cidadãos do

mundo de dentro, anestesiados

pelo poema: prótese de acontecimento.

Rafael Gustavo Vieira
Enviado por Rafael Gustavo Vieira em 31/12/2015
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