Nuances do meu amor

Não pergunte o que é meu amor, não sei

quando muito sei, seus efeitos colaterais;

na vontade de dar os abraços que não dei,

espalhar beijos em você, a não poder mais...

Explorar-te pele com zelo de paleontólogo,

pesquisando os mínimos indícios de prazer;

aquecê-la intenso nesse delicioso prólogo,

tanto que o ter, atice já, o medo de perder...

Será dar-te os dois lados e o meio da cama,

fazê-la lamentar pelo tempo que não quis;

um achado, cada acha que aviva tua chama,

onde arderá junto, um lenhador muito feliz...

Réveillon do prazer, quando der meia-noite,

que explodam fogos, e champagne espoque;

larga espera será dizimada por esse açoite,

que fará incisões profundos em cada toque...

Após, falaremos amenidades, até de tomate

pra, pouco a pouco retomares a respiração;

ternura será o saldo gostoso desse empate,

como sobremesa suave, depois da refeição...

Dar-te-ei meu nome, minha vida o que tenho,

e algum desejo extra, que acaso, manifestes;

serei brando, malgrado, as cicatrizes do lenho,

paciente, zeloso, como o escultor de ciprestes...