Quem sabe de mim?
Sou a delirante razão
De um anárquico coração,
Que beija a tua mão
Onde a culpa também é perdão.
Tua liberdade é meu aprisionamento,
Meu aprisionamento e a tua liberdade
Eu me disfarço no vento.
Mas, me reconheço nessa verdade
Nesse momento de perfeição.
Tão raro para nós humanos,
Aquilo que não é afeição
Se torna insano.
Ser apenas imperfeito
Já me deixa satisfeito
Tendo como única virtude
Saber rir dos meus defeitos.
Aprendendo a fazê-lo com arte,
Com toda loucura que nos farte,
Sempre fiéis a nós mesmos.
Nascendo sempre à esmo,
meus lábios desvendam as tuas covinhas,
Florescendo o sonho bom que nos acarinha,
Minha voracidade da tua luz desencaminha
O que aqui só se pode ler, nas entrelinhas.
No caos, na dor, na luz,
De cada acontecimento
Segue sendo teu o meu pensamento...
De tudo quanto expus
Fica que a vida é também triste
Só não o é mais,
Porque você existe.
Barthes.