Mãos trêmulas

Acende logo esse cigarro,

toma esse vinho,

mas com calma,

goles pequenos,

deixe-o deslizar pela tua garganta,

enquanto a fumaça do cigarro

paira pra fora da tua boca,

sua mão,

sempre trêmula,

segurando o vinho.

Ela está ali,

a taça ela nem terminou,

só deixou ali,

ao lado da cama.

Ela dormiu enquanto eu a assistia

deitada de lado,

eu sentado,

costas tocando a tinta clara da parede.

Agora apenas em pé do lado de fora da janela,

termina logo esse cigarro,

deita do lado dela e segura sua mão,

ela vai embora amanhã.

Mas essa noite,

fecha a janela,

tranque a porta,

encolha o universo e

ele coube nos seus olhos.