O Amor Engorda

Antes dos trovadores

O amor não existia

Não assim feito paixão

Ilusão e euforia

Era morno como banho de menina

Cauto como missa matutina

Cristandade ensinou; procriação.

Duas pessoas se uniam

Pelas leis da conveniência

Haja paciência,

Era só papai mamãe

E um beijo gelado no rosto

Ah! Que era um sei lá, sem gosto.

Ai! Que então eles chegaram

Lá pelo século XII

Inventaram a dor do amor

Acenderam da paixão o fogo

Que lhes trouxe Prometeu

O alaúde fez amor com a trova

E esse Amor Eros nasceu

Então veio o desamor

E morte precoce

De desilusão

Almas desequilibradas

Neurótica obsessão

E essa foi acreditem

A parte melhor

Pois se o amor paixão

Fizesse celebração

Que desastre!

Afrodite pôs maldição

Trovadores precursores

Do apetite sem limite

Dos amantes vitoriosos

Corpos esguios deram espaço

A silhuetas de ogro

Barrigas exageradas

Camas apertadas

Inventaram o colesterol

E com a mesa farta, o enfarto.

Celulite e estrias

Estômagos inchados de sapos

Peitos dentro das tigelas

Queixos engolidos por papos

E as Nádegas da matrona

Fez transformar a cadeira

Em suntuosa poltrona

Quem diria; trovadores!

Inspiraram novas tendências

Criaram os decoradores

Vá-te retro trovador!

Vá-te retro usurpador

Daquele meu corpo perfeito

Posso ver-me agora

Num quadro renascentista

Vá-te retro amor feliz!

Trovadores já morreram

Inventores do engordar

Quisera estivessem vivos

Pra que os pudesse matar!

Trovador hipercalórico

Empalo-te no pau da moldura

E querendo mesmo deixar rastro

Com a corda do teu alaúde

Satisfeita, te castro!

Vá-te retro Trovador!

Heloisa Galvez
Enviado por Heloisa Galvez em 06/07/2007
Código do texto: T554510
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