LIRICA POÉTICA
 
 
 
Desejei ir junto com elas
desenhei cada nota
descrita sobre um lápis
mortal de combate
contra meu inimigo
sendo meu amigo
nas horas de solidão plena
que invoca um desagrado
vacilo de olhar
por dentro do espelho
eu mesmo dizendo
o que faria com ela
se acaso tivesse de posse
da estrada que ando
do mar aberto
que navego
que cego espaço convida
ao desencanto
de tudo quanto for
encanto minha querida
as desculpas são fáceis
jogos de cintura
aventuras são fáceis
compras amiúde
não importam
o prazer busca esconder
dores
o prazer visita às faltas
incolores
as falas dessabores malditas
que encontram vida
em coisas imóveis
bebem um pouco de você
p’ra não sentir-se só
louco atleta da noite
eu quero a noite inquieta
prendendo ela
nos sonhos
desejei ir junto com elas
eu juro
ser alvo dos beijos
do carinho de mãos
agradecidas
da água despejada
da primeira vez
que o botão se abria
enaltecendo sua casa
de aroma puro
meu ciúme do aroma
sendo pervertido
da flor passando úmida
da água como suor
escorrendo perto
do ventre
do amor que ela sente
por estas por aquelas
cores
crisântemo parece
que tem sabores
como Jasmim
de Madagascar
beirando desejar
ser filha recém-nascida
embalos de ninar
falando com voz doce
sobre este perfume
maldito que esta
junto contigo
eu conheço este amargo
ressentimento
eu poderia ir junto com elas
eu poderia ser este fértil
desejo florido que brota
todos os dias
eu saberia amá-la.