O Clube dos Oito
Era uma moça linda
Mulher que brilhava feito ouro.
Na bagagem trazia esmalte, perfume e livros,
Além de um par de sapatos de couro.
Tinha mania de homem quando era nova,
Andava de skate, ouvia música pesada
Short ela não usava nem se fosse moda
E antes de pintar as unhas, ela preferia ser enforcada.
Com treze veio o primeiro,
Era bonito que só vendo.
Tinha o sorriso engraçado
E o humor de um jumento.
Era o último na turma,
Mas tinha talento pro futebol.
E na falta de feminilidade dela,
Enganchou seu anzol.
Com 14 veio outro,
Um amor de carnaval.
Esse era feio, monstruoso,
Mas tinha um coração sem igual.
Com ele, a menina aprendeu a aceitar
O que era grotesco e vulgar.
Fora do padrão de seus pais e dos outros,
Pois ali, só o que importava eram os encontros.
No finalzinho do ano, outro apareceu.
Era da capital e tinha jeito de Romeu.
Mas, ela era moça e de cidade pequena
Que tinha fama de ser firme como aperto de algema.
Era tarado, coitado,
Tanto que a fez mal.
E não querendo entregar seu dote,
O mandou capinar quintal.
Com 15 foram dois,
Um no começo do ano e outro no fim.
Eram ambos melhores amigos,
Mas terminaram inimigos, assim.
O primeiro decidiu que não a queria mais,
O segundo, precisava mais do que tudo.
E quando o primeiro viu seu amigo com a donzela,
Pois a boca no mundo.
Aos 16, um novo,
Diferente de tudo o que já tinha experimentado.
Um namoro de internet
Que durou um ano contado.
Com ele seu coração disparava
Os sonhos se tornavam mais vivos
E o perfume que usa até hoje,
Foi ele que usar a tinha convencido.
Com 17, quis ser louca,
Arrumou um espírito livre.
Que era bem mais velho
Do tipo que a todas as chamas revive.
Aprendeu com ele a abrir mais a cabeça,
Pensar além do próprio nariz.
E se não fosse muito careta para toda essa loucura,
Com ele ficaria porque quis.
Do oitavo tenho pouco a falar,
Não vale tanta emoção.
Se não fosse para fechar esse poema,
O apagaria com exatidão.
Foi amor, aos 19, que durou até os 22.
Deixou lágrimas, sangue, dureza e morte.
Não, essa última, talvez, viria depois.
Pois só assim, para se livrar do bote.
Com ele passou 3 anos,
Um período de muito amor.
Assim mostravam aos outros,
Ou a quem mais viesse se opor.
Achando que estava tudo bem,
A moça ia dormir.
E como se não bastasse todos os maltrates,
O danado se punha a trair.
A alma,
A carne,
O coração,
Fechando a fundadora do clube dos oito
Em sua própria desilusão.