Quem sabe tenhas um gosto de sol...

Quem sabe,

Talvez houvesse uma promessa

em primavera,

Escrita nos versos que componho,

Rasgando-se na tristeza da peça

delicadamente tecida,

Com suas coroas de flores cerzidas,

adolescidas nos bastidores,

à sombra dos dias.

...frias tolices do inverno entornam-se,

Caídas em riachos

que desaguam em cachos

como gotas do orvalho,

Onde rosas crepitam

Descoloridas pelo desgosto das sombras,

Imitando, já esmaecidas,

a fragrância dos sonhos,

Para nascer envolvidas num poema

ensaiado em teu rosto,

O sorriso nos olhos,

os cabelos presos com tanto gosto...

Tu é o drama ,

e sabe o quanto me dói

ensaiá-la no palco de uma cama vazia,

onde apareces apenas

para as estrelas,

Como se fosses a névoa de uma fantasia,

Encobrindo a embarcação do cenário,

Compreendido, enfim,

em palavras ateadas de afeição e poesia,

Quando navegada

em águas do teu coração,

Prenunciada por melodias

quando afundada no fogo do amor,

Sobre os recifes em que me abandonas

na ilha deserta,

em que o teu solo

desperta a alma da minha paixão.

Estou só, entre os destroços do naufrágio,

Porém, tuas vontades saciam meu peito,

trazendo-te em ondas de presságios

que me arrepiam.

São elas o resgate da tempestade,

Quando salva-me,

Em nome de um delicado tormento,

o mesmo que trouxe esse vento

para me afundar....

Rogo que não mais me torture

Quando, em vão,

trazes teu sorriso para dentro de mim,

E tu voltas depois de tantas vidas,

És maio, onde tudo se renova,

A prova concreta

de que o amor a tudo vence,

Mesmo quando acabado;

Nas águas intempestivas

em que se é devorado pela felicidade,

Teu carinho acalenta com saudade

a dor de ser amado.

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