Sou, fomos...
...aquilo que sobrou nas cinzas,
A rugir na haste espalmada da madrugada
como um anseio febril,
Somos nós queimando na cauda de um cometa,
Luzindo a calma, onde tudo se perdeu,
O fogo de Prometeu recostado em meu peito,
e o castigo que soçobrava nas camadas etéreas do esplendor,
Diz-me enquanto ainda faiscamos,
Que encontraremos escondidos no breu,
Os fios que ligam as estrelas
e acendem suas luzes,
Enquanto o sol
descansa em seu próprio calor.
-Ouço-o roncando em sono profundo
muito além de mim....
E brilha assim no palpitar recém nascido da noite,
Cedendo aos encantos do horizonte,
Em véus encortinados
por essa doce sedução.
Seguimos, meu amor, seus passos,
ao cruzar do entardecer a ponte,
Que no céu nos encontre,
Sem nos iludir com o ocaso de uma constelação.
E de sua explosão em martírio,
Em nossas almas espelhadas em seu brilho
Retornarão às cinzas,
Com a sensação de que geramos seus filhos como raios de sol,
Impregnados de paixão.
E, finalmente entregaremos o nosso sono
a quem, de tanto sonhar, embebe-se de ser o outono,
Ocupando o trono das estações.
Deixou-me triste,
Pois, apaixonou-se pela primavera,
levada pelo vento que revira as folhas
pincelando aguadas de aquarela,
que se consumiram encantadas pelo sonolento calor do sol,
Buscando na flor desenhada dos nossos males,
A fragrância da poesia em seu fulgor de fim de festa,
Rasgada na aresta do riso que montava os ventos
e se perdia pelo verde dos vales...
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