Inquebrável

Abandonei meu coração na sarjeta

Por me recusar a vê-lo sangrar

Não acredito mais em amor

Razões tenho mil para me afastar

Amar é como acender uma fogueira

Não é possível aquecer-se sem correr o risco da queimadura

Amar é como deixar-se cativar por uma serpente

E fazer dela bicho de estimação

Ainda acredito que quando me beijas nascem mil estrelas

Mas quando te despedes explodem infinitos buracos negros

Invocar sentimentos por ti vai contra o equilíbrio do Universo

E não falei sério quando disse que aceitava o Apocalipse

Cada uma das vezes que se apaixonou por mim

Senti arder fundo em minha pele

Como a mais doce das mentiras

Como a mais impossível das verdades

Cada uma das vezes que teus lábios tocaram meu corpo ansioso

Senti sonhos se materializando como fios de algodão-doce

Porque foste feito da mais pura cor e sabor

Mas pronto para derreter frente a menor das distrações

Não acredito mais em amor

Não poderia, se meu coração pesa a cada adeus

Mas a conexão que nos foi profetizada pelo Universo

É inquebrável como o ciclo do nascer e pôr do sol