Oração dos teus sabores

Não me perdoa amor, flor lasciva,

Por pousar em tua flor de alma carnívora.

Devora-me,

Apetitosamente, compreensiva do que sou.

Ode intempestiva que ao seu amor se apegou,

Como paixões que irrompem dolorosas,

em folhetos insuspeitos,

Com os bolsos cheios de pétalas de rosas.

Porém, morro à míngua, nada sou,

Nem o verso nem a canção,

Que é uma oração de teus sabores,

-O beijo de língua-

De sedutora festa que explode,

E se manifesta na dor de um “poeta”

quando assaltas o mar e a terra com tanto amor...

Estouras no limiar do orifício do céu puro,

Como se tivesses me coroado com um sacrifício,

A fenda oriunda da dor desse punhal,

Que fere meu coração em conjuro, a me matar;

Morro ao expiar, e tu comemora com fogos de artifício,

Pois sei, quanto mais a amo,

Mais tu me devora com satisfação.

Dói-me te amar,

Pois, resta dentro de ti essa alma exonerada,

-Minha alma-

Corroída por dentro, mastigada,

Sob a canção dolorida das frases apaixonadas

desse belo sentimento tolo a satisfazê-la,

Com um sorriso.

A lembrança de ser em ti o alimento,

O piso liquido do desejo onde tivesses insurgido,

No achego de revivê-la, noite após noite,

-Doce ilusão de uma vida-

Colhendo cada estrela florida

no céu da tua boca...

Pois devoras como louca minhas horas sofridas,

Mastiga-me o dia inteiro,

Acariciando-me com seus dentes...

E tu vai mordendo levemente meu coração

Com bobagens enternecidas.

Qual relógio poderia marcar com seus ponteiros,

O sofrimento dessa desilusão?

Não há tempo na distancia sofrida pelos versos,

Trancados no velho baú da solidão.

Deixa-nos então abandonados a realidade,

Sem compreendê-la,

Depois de percorrer a eternidade,

Onde a felicidade é apenas um suspiro meigo e suave

da fatalidade de nossas vidas.

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