Eterno Suicidio

Para que eu mesmo possa compreender o seu amor,

Quero que saiba quando estou aqui

e não estou,

Quando me procuro e nem eu mesmo sou.

Preciso que entendas,

não tenho receio das perguntas,

Mas do vazio que possa conter uma resposta.

As pessoas brincam com a minha inquietude,

Brincam com a sua alma,

E desconhecem o verdadeiro espírito.

Sobretudo, que toda a inspiração não é mais profunda ,

do que um mero conhecimento intelectual.

Vou mergulhar no Erebus, trazer-te para a realidade,

Sou uma sombra projetada nessa janela,

Talvez, a vela que ilumina teus sonhos

e obscurece a verdade.

Não tenho olhos nem boca, só as palavras,

Essas que escorrem do meu ferimento como sangria,

Sem a consistência do que está dentro,

sem desgosto,

Para que você saiba que o amor lhe é dado

como algo parecido com a alegria,

Semelhante ao cerne do aprendizado,

feito a água turva que se limpa do ardor, conscientemente,

Desprezando nas profundezas o que lhe é logrado.

Nós que somos estranhos a nós mesmos,

Fazemos de nossas vidas algo insensível

de acordo com nossos interesses,

Estancados em nossa ignorância vil, a inconsciência,

Um marco para sentirmos a retórica,

Que domestica com sua brutalidade nossa inocência,

Meu pobre coração não se identifica nem percebe,

Quando sua vontade se perde em noites inebriantes,

Um afeto que te deseja no lugar da vulgaridade,

Mas, em meu peito, todavia, coloco-te para ocultá-lo,

Mesmo que seja tarde

para livrar-te das impurezas dessa vida...

Segundo Osho

O pintor é apaixonado por suas obras... Não é pura coincidência que, se um homem estiver demasiadamente envolvido com a poesia, ele evitará as mulheres... pois elas serão uma distração. E toda mulher, naturalmente, suspeita do homem que tenha qualquer tipo de hobby, qualquer tipo de interesse especial ou envolvimento profundo. Fica com ciúmes, compreendendo que ele tem uma outra além dela. A mulher de um homem casado com a ciência, sentirá a mesma raiva que teria caso ele fosse apaixonado por outra pessoa - ela não quer a ciência entre os dois. Os buscadores e os pesquisadores, os poetas e os pintores têm sempre permanecido solteiros. Não é mera coincidência. Eles têm um outro tipo de caso de amor, não precisam da mulher...

A primeira verdade a ser experimentada é que a pessoa é só. Seria o amor ilusório? Pense só, pense só na enormidade disto: o amor é ilusório.

E você só tem vivido através dessa ilusão... Você amava seus pais, amava seus irmãos e irmãs... depois, foi se apaixonando por uma mulher, ou um homem. Você ama sua pátria, sua igreja, sua religião; você está apaixonado por seu carro, por sorvete... etc. etc. Você está vivendo em todas essas ilusões... e, de repente, você se encontra nu, só, todas as ilusões se foram... Dói.

Mas você está vivendo uma vida não verdadeira, pensando estar fazendo uma coisa nova. E, porque pensa que é nova, fica enfeitiçado pela magia do novo. Se lhe for possível chegar a saber que você caiu de amores milhões de vezes e que todas elas foram um fracasso, será impossível cair no laço novamente. Você verá que é fútil – que não existe nenhuma alma gêmea, que nunca existiu; que a solidão é absoluta; que não há como comungar, que não há como se comunicar; que ninguém pode entendê-lo e que você não pode entender ninguém.

Eu sei que estas conversas só podem ser depressivas. Por que? Porque estas conversas tocarão em algumas feridas e o pus começará a brotar. Não se esqueça: de vez em quando, é bom manter uma ferida aberta, porque é a condição para a cura. Mas é preciso coragem, com certeza; sem coragem nada pode ser feito. Para manter uma ferida aberta é preciso grande coragem, mas esta é a condição para a cura...

Você gostaria de esconder o fato, gostaria de escondê-lo por detrás de flores, gostaria de se esquecer da ferida. Você gostaria de procurar uma consolação: “Talvez seja porque o não aconteceu ainda mas, agora, ele pode acontecer... desta vez, quem sabe, eu consiga”... Mas o amor não pode acontecer. Torná-lo possível não é uma questão que dependa de você. O amor em si é uma impossibilidade. Ele o mantém iludido, ele o mantém numa espécie de estado de sonho.