Apoteose

Tuas marcas evasivas no tempo justificam a Estela,

Olho de longe, ajoelhado quase aos teus pés,

Sob o grande portal de madeira.

Reconheço-te pintada no afresco,

Feito na Capela, junto dos anjos com cabelos cacheados,

Rebentos dourados em raios,

onde tuas mãos se abrem,

no vento levemente amarelado e se juntam em oração,

Recitada como poesia à sombra da figueira.

Esperas do céu grotesco

que a chuva lhe traga o perdão,

E suas pinceladas cinzentas no peito,

Arredem a brisa,

Levando o vento suspeito e incessante,

Com arroubos da solidão vista em meus olhos

para uma abóbada distante,

-O céu extasiante do seu coração, de imensa paz -

Tens a dimensão do brilho delicado,

A perfeição Iludida por um lenço a secar as lágrimas,

No esboço elaborado com as próprias aguadas em canson,

Onde choram crisântemos azuis,

Nasce uma borboleta ,

Fundindo-se à iluminura da amplidão.

Olhos amuados em formosura despem-se do pranto,

Tornam-se anseios, sentimentos indesejados,

Monumentos carregados em pás,

Enterrados em moinhos de ventos espirituais...

Vejo no piso florentino, os pingos dos teus desafetos,

Onde os jardins incompletos

Apreciam os odores,

Entre tantas flores sazonais,

Amores tão iguais para sempre perdidos,

Porém, desiguais no coração dos versos impuros,

Detidos com devoção, e juras de amor...

Pintadas numa anunciação de imensos pecados,

Acamados em cima de pedras existenciais,

Formando a lápide fria, onde enterra a ressureição.

O caminho que começa e se encerra delineado na parede,

Vai até o teto,

Subindo para o céu de tuas nuvens cinzentas,

Nuvens de chuva de onde tu cai em mim,

Despencando como um cacho de uva,

E não como o vinho,

Que eu esperava que fizesse carinho em minha alma,

Transbordando no espírito com amor.

Tens a semente de um trauma infeliz,

Quando, displicente, ao cair quebraste uma asa,

Sobre a rocha que nos inspiram o sofrimento.

Te digo querida, ninguém liga se beberás o suco negro da noite,

O sono não vem com o perigo,

Apenas traz para perto essa dor tão amiga.

Mas o sonho que sonhamos,

com certeza há de nos encantar, e proverá,

Como um eunuco efêmero,

A desafiar a madrugada no doce fio de uma cantiga...

...quando nas horas de íntimo desgosto o desalento te invadir a alma, e as lágrimas te aflorarem aos olhos, Busca-me! Eu sou Aquele que sabe sufocar o pranto e estancar as lágrimas. Quando te julgares incompreendido dos que te circundam, e vires que em torno de ti há indiferença, Aproxima-te de Mim. Eu sou a Luz sob cujos raios se aclaram a pureza de tuas intenções e a nobreza de teus sentimentos. Quando diminuir o ânimo e te achares na iminência de desfalecer Chama-Me! Eu sou a Força capaz de remover as pedras do caminho e sobrepor-te às adversidades do mundo. Quando, inclementes, te açoitarem os vendavais da vida, e já não souberes onde reclinar a cabeça, Corre para junto de Mim! Eu sou o Refúgio em cujo seio encontrarás guarida para teu corpo e tranqüilidade para teu espírito. Quando te faltar a calma, nos momentos de maior aflição, e te considerares incapaz de conservar a serenidade, Invoca-Me! Eu sou a Paciência que te faz vencer os transes mais dolorosos, e triunfar nas situações mais difíceis. Quando te debateres nos porquês da dor, e tiveres a alma machucada pelos espinhos, Grita por Mim! Eu sou o Bálsamo que cicatriza as chagas e te diminui os padecimentos. Quando o mundo te iludir com suas promessas falazes, e perceberes que ninguém pode inspirar-te confiança, Vem a Mim! Eu sou a Sinceridade que sabe corresponder à fraqueza de tuas atitudes e à plenitude de teu olhar. Quando a tristeza e a melancolia te povoarem o coração, e tudo te causar aborrecimento, Clama por Mim! Eu sou a Alegria que insufla alento novo e te faz conhecer os encantos do teu mundo interior. Quando, um a um, te fenecerem os mais belos sonhos, e te sentires no auge do desespero, Apela por Mim! Eu sou a Esperança que te robustece a fé e te acalenta os ideais. Quando a impiedade recusar-se a relevar-te as faltas, e experimentares a dureza do coração humano, Procura-Me! Eu sou o Perdão que te levanta o ânimo e promove a reabilitação do teu espírito. Quando duvidares de tudo, até de tuas próprias convicções, e o ceticismo te inundar a mente, Recorre a Mim! Eu sou a Crença que te completa de luz e entendimento, e te habilita para a conquista da felicidade. Quando já não provares a sublimidade de uma afeição terna e sincera, e te desiludires do sentimento de teu semelhante, Aproxima-te de Mim! Eu sou a Renúncia que te ensina a esquecer a ingratidão dos homens, e a esquecer a incompreensão do mundo. E quando, enfim, quiseres saber quem sou, pergunta ao riacho que murmura e ao pássaro que canta, à flor que desabrocha e à estrela que cintila, ao moço que espera e ao velho que recorda... Chamo-Me Amor... o remédio para todos os males que te atormentam o espírito. Eu Sou o Seu DEUS-PAI!

Rubens C. Romanelli

Golden Slumbers (Legendado)

https://www.youtube.com/watch?v=V3kTDQD2hhw

https://www.youtube.com/watch?v=6K17x-UcZqA

https://www.youtube.com/watch?v=uvKnw_XF0D0