Aos Meus Filhos e ao Meu Companheiro

Meus passos não seguem mais ao acaso,

pois meu sangue já não é meu

e meu destino, reeditado,

me dá a certeza dos dias

das noites

das manhãs claras de sol refletindo na parede

que já é hora de acordar

e ver os lençóis brancos secando

sob mil sóis nos varais dos quintais dos muros azuis de deus

pois que as paredes de deus são azuis

- e eu não sabia...

E não sabia a dor de quase perder parte de mim

mãozinhas tenras, mornas de febre

cabecinha mole

pendendo em cima do pescoço claudicante

que hoje claudica sob o peso das palavras

de livros longos

longas teorias anglo saxãs, que jamais compreenderei.

Mas meu coração compreende

os cabelos coloridos e a ânsia de se entender

o medo de se perder

e nunca saber preencher o vácuo da existência terrena

ah, querida... isso não se traduz em palavras

e não se aprende rápido

é na dura e longa caminhada

que se pode entupir-se de luz

só no apreciar do caminhar.

E por fim

ao final do décimo mês

cresça a casa

aumente os panos

é a doçura dos olhos negros e profundos

em busca de respostas todo o tempo

todo o tempo

passou a limpo minhas verdades

deixou novas interrogações

e a lição de que devo renovar o sangue

aquele sangue que não é mais meu

novo olhar para minha renovada sina.

E a ti, terno companheiro

o derradeiro entendimento

de que sempre juntos estaremos

as mãos dadas

o passo cadenciado

na suave dança de viver.

Dedicado aos meus filhos Hugo, Hayanna, Mariana e Júlia e ao meu companheiro Carlos

São 06:20, hoje é dia 13/07/2007

Estou ouvindo Hamilton de Holanda executando “Cinema Paradiso”

Jane de Paula Carvalho Santos
Enviado por Jane de Paula Carvalho Santos em 13/07/2007
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