Infinito Particular
És minha ilha perdida,
onde eu, tão náufrago, tão triste e só
vivo
a correria dos dias passageiros...
Confuso, quando não estás,
sonhei um dia o dia feliz
em que enfim eu fui mais...
Mas não sei mais,
isso eu não previ: tanto afago tanto abraço...
Os versos vêm quando eu me lamento,
mas que diferença a nisso para o dia?
O sol brilha sem uma letra sequer de minha poesia
mas o poeta não é o mesmo sem inspiração...
És minha inspiração agora.
Tudo bem,
podemos sonhar hoje sem se preocupar com a queda
o outro lado não nos afetará... Eu acho.
...
tudo bem,
eu posso tocar tuas mãos agora
eu sei, não vou te deixar cair
porque você é quem me segura
quem me prende
e livra
e da vida
e trás a luz...
És toda a luz.
Tantas e tantas vidas passadas
em quais dela você e eu?
Em quais dela eu e você?
O século passa rápido
e o que é o amor senão a vontade de querer não passar?
Como podemos viver
se deus nos põe a prova a todo tempo
nem sei mais deduzir
o que é sonho
o que é verdade nisso tudo...
Se a gente se conhece tão pouco
e tão fundo
onde o caminho vai dar?
E as nossas partes,
onde se unirão?
Claro!
A claridade da luz deve saber
e quando eu encontrar
volto pra dizer
venha me contar
que o que fica é o que agora há...
Antes de ser teu
não fui mais que alguém sem asas
sem casa certa na paixão
eu tive tantos olhares
provei tantos sabores bons e amargos
e um amor efêmero e prazer mil...
Mas o que eu preciso
ninguém me deu...
Senão tu.
Trás teu sorriso
dá-me prazer infinito
neste eterno de segundo,
amor que morde
que foge dos instantes
em que provoco...
Em que tu provocante...
Eu quero ver além do tempo agora
dá-me tua chave
segura meus pés
e o passo vai ser mais seguro
eu sei me fazes mais no mundo
e que o baile finde
mas não nossa dança...
Um infinito particular nosso
de um homem uma mulher
a felicidade e uma criança.