A um passo de mim

Declamo a saudade da pureza,
daquela menina que se encontrava
olhando dentro dos seus olhos.
Eu acho que ela está morta,
porque esse sono já dura tanto tempo.

Perder faz parte de viver,
errar também apresenta vantagens.
Só não queria ter medo de amar.

Não foi sua culpa, nem minha.

A imaturidade me testou, eu falhei.
Demorei a aceitar que te merecia,
caí nos braços de outro para te esquecer,
porque eu sonhava e me punia,
sempre foi você, a vida toda.

Eu me guardei para esse momento,
quando nada te impediria de ser meu.
Tão bonito quando escrito,
um desastre quando se trata de mim.

As músicas consentem,
a timidez me faz fugir correndo de você,
principalmente quando te mencionam
e eu balbucio quase latindo que estou bem.

Chorei anteontem, você não veio.
Sorri escondida, você voltou.

Verbo transitivo contraditório,
o argumento vai contra o ventilador,
embora já seja outono por aqui
e as noites sejam bem frias,
sentir medo não altera os fatos,
não reescreve os parágrafos desalinhados,
provoca a heresia da negação,
um escopo da covardia, é vero.

É o bilhete sem resposta,
a iniciativa terá de ser sua, caso aceite...
porque se você esperar por mim
vai precisar de uma cadeira para descansar.

Eu tomaria uma providência
e alguns goles de vinho para desinibir,
não a ponto de perder a consciência,
desde que a timidez se recuse a fazer parte.

Ser a menininha retraída não me beneficia,
atitude descabida, não condizente,
esse jogo de palavras me deixa doente,
minha garganta dói porque eu quero falar,
se irreversível é só a morte,
a vergonha há de ser passageira,
talvez nem sei do quê, ali ela está.
A um passo de mim, entre você.

Meu passado tem feridas,
presumo que o seu também deve ter,
porém você não se abala e segue,
com essa força interior que eu admiro,
viajei no seu sorriso, disse que sim.
E eu adoro a cor dos seus olhos,
castanhos como os meus, tão doces,
eu faria uma canção se inspirada estivesse.

Às vezes eu gosto de sonhar,
numa sequência qualquer hei de encontrar
a solução para domar o medo e ser,
deixar os ventos me guiarem
na direção onde você estiver,
para que me veja então sorrir,
se alguma lágrima cair é puramente emoção,
quem não chora quando se faz transparente?
Não preciso saber de tudo.
Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 19/05/2016
Reeditado em 01/05/2018
Código do texto: T5640342
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