Dormias. E por ti passavam aves,
searas perfumadas
e as águas mais puras das nascentes
 
A noite acendia sobre a tua pele,
e eu já em transe... quase febre...

lambia as brumas celestes
em suave sofrimento
 
E tu iluminavas-te todo por dentro...
 
Começava o tempo de ternura e martírio :
Tudo em ti me era beleza e abandono
e minha dor de Eva
já não ouvia o teu silêncio de sacra inocência
 
Vez por outra, ainda, ressonavas,
e deixavas meu coração a arder !
 
Constelações estilhaçavam na tua boca
e eu só queria saber
por quais mistérios haviam se encantado ;
queria sentir o mesmo fogo...
 
... Era angustiante e doce
a loucura que me nascia do teu corpo...
 

Sabia agora a força do teu nome,
a poesia da tua carne,
e a escuridão dos meus lábios
amordaçados ao travesseiro
 
Flutuavas ali... aprofundando-me às asas
 
Demoradamente, escrevi-te todo... como um beijo.



 
 
 
 

Ouvindo... 

 

DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 03/06/2016
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