SENHORA

Senhora, como és forte agora,

Qual o sopro de um vulcão

As suas ordens sem demora,

São atendidas de antemão.

És muito bela, não nego.

O tempo lhe foi apraz.

Mas em saudade me apego

Ao que deixaste pra trás.

Quero falar de ternura,

Não sei como me expressar.

Sinto falta da doçura e

Da meiguice em teu olhar.

Quero falar de algo simples

Como da vela o soprar.

Pois desconfio se finges

Me ouvir sem me escutar.

Até o silêncio nos separa,

Tanto quanto o conversar.

E a noite, outrora tão clara

tornou-se em eclipse ao luar.

Quero rever aqueles olhos,

Que me prendiam de encanto.

Quando frágil tinha sonhos,

De proteção e de acalanto.

Quero que deite em meu peito,

Como que em um travesseiro.

Quero, por fim, nosso leito,

Perfumado com o seu cheiro.