O moço de vermelho

Ela era apenas uma garota de lindos olhos castanhos que acordava cedo e ia estudar cantando aquelas músicas que a faziam viajar, mas não cantava tão bem assim. De noite na volta para casa gostava de parar no parque para escrever poesias. E sempre escrevia o quanto queria um amor, depois olhava as folhas verdes naquela doce primavera, as pessoas passeando com seus cães e as crianças brincando como se não houvesse amanhã, mas o que tirava toda sua atenção era o moço de belos olhos castanhos (que eram os teus preferidos) e de um sorriso que encantava sempre passava pelo local todo dia no mesmo horário. Um pouco mais alto que ela, braços fortes.

Ela continuava a repetir: Quero um amor, como se fosse sua prece diária.

Tudo nele era um vermelho sangue, a sua camisa, o prédio em que sempre entrava e até a cor do batom da menina que escrevia e sempre o observava.

Então eles ficaram e ela se apaixonou.

Faltava aula sempre que podia e até fez amigos no parque, rabiscava nas suas poucas folhas algumas poesias que só faziam sentido para ela e por alguns momentos sentia saudades da infância. De repente, voltava a pensar no rapaz.

Chupava um pirulito vermelho, e prendia o cabelo num médio rabo de cavalo na intenção que sua nuca ficasse livre para o rapaz buscar o teu sangue ao sugar tua pele.

Ela tentou ao máximo, mas então percebeu que era só uma menina moça. E ele já era um homem.

Certo dia ele sumiu e não apareceu no parque, ela então sentou e esperou então viu que ele tinha parado de pensar, e acabou optando por seguir em frente, ou tentar.

Ficava com o teu vestido azul cor piscina no seu pequeno quartinho escrevendo para o moço, já havia passado mais de um ano ela chorou. Não tinha mais pirulito, nem batom vermelho e nem os deliciosos beijos do teu moço então amarrou o cabelo num rabo de cavalo como sempre fazia e foi embora, para onde tinha amigos.

Já havia passado mais de um ano e pouco, ela se arrumava em um quarto em que estava com um rapaz, meio tonta após umas pequenas doses de conhaque pra aquecer aquele frio, o cabelo dela? Agora estava muito curto para prender. Então o rapaz de vermelho ligou:

A saudade surgiu, as borboletas também, os nervos ficaram a flor da pele.

O sangue voltou a pulsar e o coração a bater acelerado novamente.

Jen Figueiredo
Enviado por Jen Figueiredo em 15/06/2016
Reeditado em 26/04/2017
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