DOCÊNCIA IN NATURA

Oh! Dia cinzento! Teu sol avarento pousa sobre mim

E me bronzeia a alma de uma pálida emoção pueril...

Em meus pensamentos há sangue pobre e também nobre

Que, alucinado, corre pelas veias em busca da embarcação

Ancorada no porto da coragem... Na quietude das brisas,

O medo é levado pela fina garoa que umedece a mente.

Meus sonhos parecem murchos perante a apatia das horas

E a eloquência que transcende ao infinito some-se nas nuvens...

Há desertos impalpáveis num íntimo que pranteia flores

E as lágrimas despencam no oásis dos caramanchões sem cor.

Como desvendar os mistérios que insistem em esconder

Os pássaros da minha fantasia? Ei-los a sobrevoar num céu de marfim

Onde a visão pisca diante de uma passarela de sentimentos em êxtase!

Como alimentar um espírito sequioso de amar perfumes de rosas?

Sinto meu olfato carbonizado pelo calor e embriaguez das estrelas

Que, mesmo sendo dia, despontam na claridade do firmamento

E me sorriem pela arquitetura de um espaço adornado de névoas...

Oh! Dia cinzento! Os astros que cantam as harmonias celestes

Abrigam em seus seios a ventura do doce despertar da orgia

E nas brumas de cada amanhecer há um sol que pare luz

E nomeia cada um dos rebentos de acordo com matizes do arco-íris

Para que a chuva traga aos corações humanos o despertar da sensatez!

Assim, materna é a natureza que ensina as lições da sobrevivência

E deixa gravadas no éter a certeza do caminho, da verdade, da existência!

DE Ivan de Oliveira Melo

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 19/06/2016
Código do texto: T5672489
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