Magda
Já a deixei escapar entre os meus dedos
Mas hoje, ela ainda me assola pelos meus sonhos
Mesmo depois de anos caídos sobre nossos pés
E quilômetros entre nossas faces
O nome dela ainda me desperta certa euforia
A mesma daquela do primeiro pássaro que canta
Que de tão feliz de despertar uma orquestra matutina
Infla e solta sua voz, com todo o vigor de uma sinfonia
Carecer-me-ia de amor se não tivesse tido sua presença
Sua inexistência me declararia uma pessoa diferente
Mas a consequência do nosso flerte foi uma abominável e santa sentença
Porque há os que tocam, os que dançam, cantam,
Já eu numa triste alegria sou um dos que escrevem
Na minha ascenção, vandalizei meu coração
Pichei cada parede vascularizada com seu nome
Criei poemas mais vazios do que vasilhas de mendigo
E os troquei, os vendi por beijos, como quem apenas queria matar a fome
Às vezes toda essa nostalgia me consome num gosto tão amargo
Como esse poema que surgiu numa madrugada instável
Mas todo esse paralelismo de uma paixão impossível
Corrói as membranas do meu líbido
Tornando meus animos, ânsias,
Meu rock, meu mundo, cego e surdo
Mas assumo, tudo foi muito insano
Acho que era assim que deveria ter acontecido
Eu te amei como eu te amo