AMOR PRÓPRIO

Hoje vi pela primeira vez

numa clarividência pueril

o amor próprio bem feliz.

Penetrou-me e não pediu.

Na verdade nada vi. Senti!

Não. Não! Eu o vi sim, bem ali

pairando neste aqui de mim

pra me fazer outra num plim!

Imagético instante de sentir

sem vácuo! Sem som! Então

as luzes de mim explodiram

E, me vi’nda, indo ...

sumindo lá dos escuros dos abandonos

e dos abusos imundos calados e dormidos

naquela menina de se fazer gostar

sem saber se amar.

Eu vi. E me vi! Sorri e sorri tanto

de me fazer pranto tão brando...

Tão branco, e tal qual este tom, toda

misturada das outras de mim, explodi!

Descobri minha pele, meu cheiro,

meu contorno e o meu retorno sem ópio.

Sem ódio. E, nesta quinta noite de janeiro

2016 diz: eis a tua florada de amor próprio.