O LAMENTO DE JOANA CARDA
Era tarde, pensei ter ouvido um chamado e fui à janela. Abri as portas, sai para a rua.
Ninguém chamava... Tinha mesmo, do meu amado, ouvido o canto?
De volta, olhei atenta da janela semicerrada. Deixei uma porta entreaberta escancarada fiquei.
- É Nada, conclui, apenas a voz do vento
em ronda triste.
Por que o vento uiva, por que chama quem ainda ouve e convida? É a ciranda dos desalojados da alegria...
Se era mesmo o vento cantando o seu nome, por que na dança emudecido grito no peito abafo? Té ainda o certo não sei...
A bem da verdade, de aprisionar essa voz emudeco que nem fosse passarinha presa.
De vez em quando ainda conto, conto que voa longe aqui dentro a dúvida: teria ouvido eu mesma aquele canto ou seria você chamando de mansinho?
Antônio B.