O AMOR

O amor abre abismos entre os pés e os sonhos

Põe-nos risonhos e tristes ao mesmo tempo

Gira-nos como se fôssemos cataventos

Em qualquer abrupto momento

Nenhum deles enfadonho...

Quem ama de verdade dá-se sem cobrança

Nem de volta pede o que foi lançado

Um bumerangue um roto dardo

Um espalhafatoso moscardo

em funeral tristonho...

Do amor revelado e pleno e estonteante

Quem já experimentou de sua astúcia

De sua riqueza de detalhes da pelúcia

De seu corpo que soa como música

Pode já morrer nesse instante...

Mas se alguém espera piedade na sua vinda

Trancando sonhos em cofres de insônia

Tratando de fugir de sua forma bisonha

Ou se se entorpecendo em pura amônia

Jamais sentirá sua flechada única.