Tenho um sonho humilde e sincero

Tenho um sonho humilde e sincero

Que não custa tanto de minha sorte:

Viver uma vida sem adultério,

Sem sangue em vão até minha morte.

Não é tão difícil ser homem bom,

Não há segredo na benevolência,

Mentem se dizem que é um dom

Conseguir dizer não à violência:

Para não trair, basta não trair,

As tentações não se têm de ouvir.

Homens e mulheres que já traíram,

Vejam no que vocês se transformaram:

Seres de almas que se esvaíram

Feitos de promessas que se quebraram.

Não há orgulho em sua existência,

Não há validez em suas palavras,

Desconcertaram a própria regência,

Assassinaram suas próprias fadas.

Não sei como podem dormir as noites

Estando tristes anjos aos açoites.

Tenho um sonho humilde e sincero

Que é exclamar “Eu pude amar!”

Mais que isso do mundo não espero,

Então por que me irá recusar?

Ó mundo, eu clamo que colabore,

Meu sonho não é ser rico ou astuto,

O quanto mais precisa que implore?

Só quero amar até ser augusto

Uma só mulher, uma escolhida;

Não são para duas a minha vida.

O que aconteceu com a cultura

Que chama o errado de moderno?

Chegamos a tão doente altura

Que o errado se tornou o certo,

Mas como peixe contra a corrente,

Quero viver com uma só mulher,

Poder pensar com minha própria mente

Sem ter de ceder a tolos quaisquer.

Não sei o que houve com a cultura,

Mas nunca eu cultuarei feiura.

Prefiro morrer a me destruir,

Minha boca só quer um monopólio,

Em minha velhice quero sorrir

Sem sentir de mim mesmo nenhum ódio.

Verei os olhos de minha esposa,

Serão os únicos olhos que tive,

Olhos de fada - nunca de raposa,

Pois apenas amor de fada vive.

Entre os braços de minha garota,

“Sou teu, meu amor, sou jamais de outra.”

Tenho um sonho humilde e sincero

Que é morrer num amor infinito.

Por isso ao meu futuro reitero

"Dê-me a mim um destino bonito!"

Meu corpo é somente para uma,

Meu desejo é somente de uma,

Meu carinho é somente a uma,

Meu ser pertence somente a uma.

Com felicidade ou com tristeza,

Com rica fortuna ou com pobreza.

2/10/2016

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 02/10/2016
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