VOCÊ NÃO SABE

O sol brilhava intensamente

Como essa história de amor

Não lembro o dia nem o mês

O ano sei com certeza - 1976

Naquele espaço reservado

A hora - quinze e trinta da tarde

O assunto - as féria do grande chefe

Onde fostes apresentado

Senti que naquele momento

Algo tinha mudado

Pelo brilho azul dos teus olhos

No teu rosto tão corado

Deixando o meu coração

Por instantes despedaçado

Como um sinal vermelho

Que passei a vida inteira

Sabendo que estava errado

Voltei ao trabalho em silêncio

Depois daquele acontecido

Achando que na manhã seguinte

Eu já teria esquecido

Foi tudo um grande engano

O sonho que eu não queria acordar

Porque no meu coração

Você passou a morar

Na minha pouca experiência

Tão delicado sonhar

Rabisquei pequenos versos

Em uma noite de luar

Como se não bastasse

O êxtase de apaixonar-se

"Te amo porque teus beijos são muito doces

Tua voz calma e macia

Teu abraço como se fosse

O sereno despontar do dia

Te amo porque sem ti

A vida não tem valor

Os sonhos são pesadelos

Não tem perfume a flor

Te amo porque teus olhos

São tão azuis quanto o mar

E tens a pele tão branca

Qual o reflexo do luar

Te amo, também, porque a espuma...

Ama as madrugadas

Indo pousar na areia

Pra dormirem abraçadas

Te amo porque o sol

Ama a terra e a ilumina

Os pássaros também se amam

E o vento ama a colina

O infinito ainda é menor

Que o meu amor por você

Te amo porque te amando

Existe paz em meu viver"

Sem medir as diferenças

Que existem entre mim e ti

Numa explosão de amor

A primeira carta escrevi

Pra dizer-te que meus momentos

Tornaram-se poesia

Depois que te conheci

Mandei entregar-lhe a carta

A minha melhor amiga

Numa manhã de primavera

Vieste falar comigo

Estremecendo-me ao vê-lo

A voz tão suave e terna

Pediu-me para esquecê-lo

Com aquela revelação

Não tinha mais o que fazer

Tudo caiu por terra

Eu só queria morrer

Não comia, nem dormia

A vida era um eterno penar

Febre alta, dor nas costas

Terrível diagnóstico

Tuberculose pulmonar

Hoje sei que aquele mal

Foi fruto da depressão

Fiquei três meses internada

Curei a doença física

Mas não a do coração

Lembro-me daquele dia

Que saímos escondido

O cheiro do nosso perfume

Pelo vento foi consumido

Daquele primeiro beijo

Ainda guardo o vestido

Nos cabelos, a marca do tempo

Eternizando o passado

Por tudo o que eu sofri

Posso mandar-te um recado:

"Um dia a gente se encontra

Em outro plano mais perfeito

Onde o amor não tem limites

Nem distância ou preconceito"...

Aquele espaço reservado

É tão difícil esquecer

A hora - tornou-se infinita

O assunto - o grande amor por você

Terezinha Rocha
Enviado por Terezinha Rocha em 15/11/2016
Reeditado em 16/11/2016
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