Foram tantas as estrofes de amor

Foram tantas estrofes de amor

Dedicadas a ti que apaguei

Por insuficiente esplendor

Que nem metade de tudo enviei.

Mas mesmo com tal rigoroso filtro,

Nada do que eu já pude escrever

Chegou sequer perto do que eu sinto

Dentro de meu coração a bater.

Pois o falar será sempre precário,

Não importa qual for o dicionário.

Queria achar as palavras certas

Para dizer-te de maneira bela

O que estrofes de tantos estetas

Tentaram dizer a cada donzela;

Mas se nenhum deles pôde fazê-lo,

Que chances tenho eu de conseguir?

Não, não importa qual seja o ensejo,

O que sinto não posso traduzir.

Pois o falar será sempre precário,

Não importa qual for o dicionário.

Mas tentarei nestes versos vazios

Dar dimensão ao indimensionável;

Como o doutor dos maiores rios

Sabe de água que não é potável.

Sinto em ti por toda a minha alma

Uma chama de cores crepitantes,

Eu e meus anjos - toda a minha fauna -,

Vibramos de modo não visto antes.

Como expressar isto em palavras?

Vejo em ti rodeando as fadas!

Tu és as flores da perfumaria,

Tu és o brilho das grandes estrelas,

Tu és a paz e és a ventania,

És todos mares e todas areias.

Mas tudo vezes mais de um milhão,

Pois lácio não tem cabida metáfora:

Para explicar a minha paixão,

Nem com a mais gigantesca anáfora.

Não há como expressar em palavras,

Só sei que em ti rodeiam as fadas.

Talvez se um dia eu estudasse

Uma secreta linguagem divina

Eu poderia escrever com verdade

Tudo o que sinto numa poesia.

Mas até lá, estou nesta pobreza:

Uma língua que deixa a desejar;

Uma que não expressa a beleza

Das cores que vejo ao te olhar.

Nosso falar humano é precário

Não importa qual for o dicionário.

Nunca terás o poema que quero -

Uma tristíssima realidade -,

Mas juntos, talvez, um dia, espero,

Notes a tua grandiosidade.

Até esse dia, toma mais um

Poema que é insuficiente...

(Apaguei, sério, versos, um por um,

Mas é claro que não estou contente).

Afinal não posso achar palavras

Que mostrem que em ti rodeiam fadas.

7/12/2016

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 07/12/2016
Reeditado em 02/01/2017
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