Soneto para DIU

Lembro que busquei alivio na sua boca, que se apoiava a uma janela aberta para o vento.

Posteriormente dispensei a dúvida de quem iniciou a provocação feita com olhos profundamente despretensiosos.

Fatalidade que antecedeu ao primeiro gole no conhaque de uma e a tragada da maconha da outra.

Afastei a hipótese de simples amizade entre o disco de vinil e as pernas com hematomas.

Invadiu-me o prazer de cada parte do seu corpo igual ao meu, tornando-me indiferente quem jogou a primeira almofada e quem deu a primeira risada rasgada.

Declino do questionamento sobre qual das duas se odiou primeiro, porque da mesma forma, sem se conhecerem, ocorreu a união de seus corpos em uma dança no coreto.

Virei beija-flor, viro abelha, mel, saio despida borboleteando pela sala sem perceber mais ninguém.

Me desiludi da convicção de me conhecer com a certeza de que o amor não faz planos.

Ausentei para me instalar na casa do desejo de te prender novamente no chão em meio as coxas na exaustão de ajoelhar para puxar sua cabeça pela blusa até rasgar e te invadir com meus beijos.

No adeus deixei meu cheiro de ansiedade, que é ludibriado por suas melodias, percussões, poesias e um incendiado sorriso virtual.

A noite deito no altar o retrato da calça jeans, camiseta branca e da blusa de lã, como escudo contra a distância.

Supero discorrer sobre um amor que não sei do que é feito, quando me invade a clareza de que o querer tem que ser agora.

Agreguei a intolerância pela espera da sensibilidade das caricias vindas de suas mãos.

Encontro-me em confronto, sem me incomodar qual parte perdeu, se ganho de você os parabéns e mensagens de revanche pedindo para voltar com a concessão de outro alívio dentro de mim poder solver.

(10.12.15)