Amor impossível

Amor, este inferno louco que tanto me ufana e amo,

qual peleja debalde e inglória, agonizante e desditoso

amor impossível, sofrido, tornou-me um sonhador

inconseqüente, sórdido, irascível e vil bandido.

Voraz calor da paixão me consome, não permite

a madrugada findar. Foi ela a estrela azul brilhante,

tal qual sol, abrasante, impiedosa e errante que

fogo-fátuo em meu coração calejado pôs-se atear.

Espero mais que rápido, logo, acabar minha sina,

igual a nefasta e desnaturada ruína, para quando

essa chama intensa, na fogosidade terna, morena,

de um sofrido amor impossível eu puder apagar.

Pobre de mim! Subumano, morto e vivo,

ou visagem que na terra jaz, deito meu

corpo lasso, sem a cabeleira esparsa dos

anos dourados que não voltam mais.

Jacente, na cama onde a esperei em lágrimas,

mudo e quedo sonho com bolinações fragorosas,

devaneios irrealizados de um amor impossível.