DESILUSÃO
Vivi uma doce ilusão
Um sentimento tão nobre
Etão sã
Capaz de virar ao avesso
O mais impuro coração
Vivi uma expectativa
Cheia de sonhos
E planos futuro
A bonança a suavizar
Meu desejo mais puro
Vivi a esperança represada
No canto de um pássaro
A liberdade esboçada
Numa mão que afaga
A grandeza estampada
Num riso que enlaça
Por um momento
irrompe a desilusão
E me arrasta em seu curso
de rio desviado
Sinto-me aéreo, desnorteado
Sem estrada a me guiar
Fora de mim, fora do chão
Por um momento
Um navio à deriva
Um porto sem barco
Um arco sem flecha
Uma casa vazia
Por um momento
Uma dor descomunal
Crava em meu peito
Sua morte em punhal
E agonizo em meu leito
Num poço de lágrimas
Entendo, por fim,
Que tua felicidade
Não se limita a mim
E deixo que vás
Rumo as estrelas
Sua estrada de luz
Despida de meu egoismo
Preso na amargura
Desse amor que seduz.
16-10-016.