A OUTRA FACE

O amor chega manso e sutil

Uma bela canoa a acarinhar o rio

O amor chega lento, envolvente

Enrodilhado num bote de serpente

O amor chega assim derepente

Não pede licença, não pergunta

Se estais preparado

Não quer saber se és parente ou aderente

Simplesmente invade o ambiente

Feito um vento suave

E que, em minutos, torna-se um tornado

Arrastando a gente

O amor é uma abelha mansa

Vertendo doce mel

É um astuto felino

A perseguir sua presa

O amor é uma rede aberta de pescador

Lançada ao mar, que cerca, encurrala e prende

Depois de instalado, o amor

Mostra suas garras retráteis afiadas

E subjuga, exige, cobra,

Dilacera, não compreende

Torna-se egoísta e dominador

Ah! esse amor cantado em prosa e verso

É coisa de poeta sonhador

Que pensa estar fingindo que é dor

A dor do amor que deveras sente.

16-08-016

Carlos Abdon
Enviado por Carlos Abdon em 24/01/2017
Código do texto: T5891956
Classificação de conteúdo: seguro