A OUTRA FACE
O amor chega manso e sutil
Uma bela canoa a acarinhar o rio
O amor chega lento, envolvente
Enrodilhado num bote de serpente
O amor chega assim derepente
Não pede licença, não pergunta
Se estais preparado
Não quer saber se és parente ou aderente
Simplesmente invade o ambiente
Feito um vento suave
E que, em minutos, torna-se um tornado
Arrastando a gente
O amor é uma abelha mansa
Vertendo doce mel
É um astuto felino
A perseguir sua presa
O amor é uma rede aberta de pescador
Lançada ao mar, que cerca, encurrala e prende
Depois de instalado, o amor
Mostra suas garras retráteis afiadas
E subjuga, exige, cobra,
Dilacera, não compreende
Torna-se egoísta e dominador
Ah! esse amor cantado em prosa e verso
É coisa de poeta sonhador
Que pensa estar fingindo que é dor
A dor do amor que deveras sente.
16-08-016