INDECISA PAIXÃO

INDECISA PAIXÃO EM 12 ATOS

Sai no alvor do dia, sem eira nem beira.

Notei que um botão se abria na roseira.

Na mesma rotina deduzo um tanto ameno,

Que o viço das folhas são as gotas do sereno.

Presumi que o tempo é imprevisível,

que a chuva que arrasa a cidade é factível.

Que entre a Terra e a Lua crescente

a nuvem é inflada por íons, mas tem seu fator despoluente.

Adentrei por veredas sem saídas.

A locomotiva e seu comboio vencem matas e pontes corroídas.

Perdi a trilha do meu próprio andar.

O rio em curvas e declives sabe onde vai desaguar.

Tentei decifrar meus enigmas.

As antenas capturam apenas o que são paradigmas.

Dei asas a tudo que pude imaginar.

Apenas obtive miragens de um astigmatizado olhar.

As aves são livres na copa do umbuzeiro.

As custódias da paixão são celas adquiridas pelo próprio interesseiro.

O amor impensado é dúvida cruel.

O coração se entrega por conta de seu próprio réu.

Pensei. Que caminho onde encontrar a fé?

Meu quarto é invadido pelo aroma de um café.

Cansei. Voltando pra casa, prossegui

e agarrado ao travesseiro, adormeci.

Júlio Sampietro