INVEJA

Conheço bem a dor de amar,

De gostar de quem não pode ser minha,

É uma inveja revestida de bons argumentos,

Mas é inveja viva! pulsante! borbulhante...

É padecer no paraíso dos poetas,

Mesas fartas, lindas ninfas,

Almofadas aconchegantes,

Rios cristalinos, fontes de leite e mel banhando seus pés...

Tão longe,

Tão perto,

Mas não é seu,

Não poderá tê-los jamais...

É ter correndo nas veias,

Os rios de larva que banham as margens tristonhas do Estíge,

Com o barqueiro Caronte, a debochar de você,

É ter o coração congelado,

Por mais que se tente aquecer,

E a boca seca, por mais que se tente saciar a sede...

A dor de gostar de quem não pode ser sua,

De cobiçar a mulher do próximo,

É o mesmo que tentar ler o tetragrama do nome de Deus,

E se consegui-lo, ser devorado pelo fogo sagrado de Deus,

Que não podemos suportar,

Nem jamais compreender...

Gostar de alguém que não pode ser nosso,

É tentar achar a exata medida do "Pi",

Desejar a mulher do próximo é pecado,

Horrível, canalha, sujo,

Adjetivos não faltam...

Mas, é humano,

E eu, sou humano,

Imagem e semelhança de Deus...

ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS
Enviado por ELIZIO GUSTAVO MIRANDA DOS SANTOS em 05/02/2017
Reeditado em 31/03/2017
Código do texto: T5903397
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